12 De Outubro
Facção Central
- Participação de Fex Bandollero
Presente no(s) disco(s) Versos Sangrentos (1999) Ao Vivo (2005).
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Letra da música 12 De Outubro
[Intro: vozes de crianças]
Periferia
Não exi’te dia das crianças na periferia
Não tem dia das crianças na periferia
Não existe
Não exi’te dia das crianças na periferia
Não tem dia das crianças na periferia
Dia da criança
[Verso 1: Eduardo]
Cadê o meu presente, o meu abraço?
A bicicleta que eu sonhei não vem com o laço
Não tem bolo nem alegria
É dia das crianças, mas não pra periferia
Queria fugir daqui, é impossível
Eu não queria ver lágrimas, é difícil
Meus exemplos de vitória estão todos na esquina
De Tempra, de Golf vendendo cocaína
Bem melhores que minha mãe no pé da cruz
Pedindo comida, um milagre pra Jesus
Antes dos 12 eu vou estar com um oitão
Matando alguém sem compaixão
Vou ver o filho, a mulher chorando no corpo
Vou dar risada, vou dar mais uns quatro no morto
Eu vou brincar de assassino descarregando um 38
Legal a cara explodindo voando um olho
Hoje é dia das crianças, e daí?
Quem vê sangue não tem motivos pra sorrir
Não existe presente na caixa com fita
Só moleque morrendo na mesa de cirurgia
[Refrão]
Hoje é dia das crianças, e daí?
Quem vê sangue não tem motivos pra sorrir
Não existe presente e alegria
Em dia das crianças na periferia
Hoje é dia das crianças, e daí?
Quem vê sangue não tem motivos pra sorrir
Não existe presente e alegria
Em dia das crianças na periferia
[Verso 2: Eduardo]
Não dá pra ser criança comendo lixo
Enrolado num cobertor sujo e fedido
É “dá esmola pelo amor de Deus” num dia
No outro é assalto: “não reage, vadia”
O que eu vou ser quando eu crescer?
Quer dizer, se eu crescer, se eu não morrer
Um assaltante de banco, um assassino
Descarregando minha PT no seu filho
Eu vou fazer um rolê e buscar meu presente
Uma vítima, anel de ouro, corrente
Vou mostrar minha pureza
Eu vou matar o cuzão por uma carteira
Feliz dia das crianças, é 12 de outubro
Põe um brinquedo em cima do meu túmulo
Quem brinca com revolver não conhece a alegria
Não tem dia das crianças na periferia
[Refrão]
Hoje é dia das crianças, e daí?
Quem vê sangue não tem motivos pra sorrir
Não existe presente e alegria
Em dia das crianças na periferia
Hoje é dia das crianças, e daí?
Quem vê sangue não tem motivos pra sorrir
Não existe presente e alegria
Em dia das crianças na periferia
[Verso 3: Eduardo]
Posto de saúde, paz, Grajaú
Feliz 12 de outubro, Zona Sul
Desrespeito, um médico ausente
O filho do nordestino aqui não é gente
Depois querem formatura e alegria
Mas que se foda se eu estou com meningite, pneumonia
O Brasil não me respeita, quer me ver morrer
Quer um preso a mais, por quê que eu fui nascer?
Pra não ter um carrinho, um Danone
Eu trafico uma droga ou morro de fome
Se não meter uma faca na suas costas
A minha chance é 100% de acabar nessa bosta
Pra ter um brinquedo só com latrocínio
Se não for jogador de futebol, vou ser bandido
Queria ter um videogame, como eu queria
Mas não tem dia das crianças na periferia
[Refrão]
Hoje é dia das crianças, e daí?
Quem vê sangue não tem motivos pra sorrir
Não existe presente e alegria
Em dia das crianças na periferia