Memórias do Apocalipse
Facção Central
Presente no(s) disco(s) O Espetáculo do Circo dos Horrores (2006).
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Letra da música Memórias do Apocalipse
[Verso 1: Eduardo]
Helicóptero locado, tá de gel e terno
Tipo turista de Kodak, faz um mapa aéreo
Sobrevoa a favela, pede rasante pro piloto
Registra a vista panorâmica pra invadir o morro
Amarrado numa árvore vai sangrar o inimigo
Sangue atrai rato, inseto, vai ser devorado vivo
Presidentes não fazem batalha diplomática
Caça é o aperto de mão das nações civilizadas
Quem passou por baixo pra vender os passes
Quer Chrysler, comprar na Rodeo Drive
Pegue chimpanzés, faça experimento
Sem frio, alimentado, bom comportamento
Tire a comida, com o termômetro no zero
E o mais forte abre o crânio do mais fraco e come o cérebro
Enquanto no bar o tio mendiga um pão com manteiga
Com dono quebrando na sua cara vasilhame de cerveja
Hotéis de luxo jogam comida no lixo
Toneladas sem prazo de validade vencido
Por isso tem refinaria de pó atrás da parede falsa
Com prensa, balança, depósito de arma
Por isso a puta põe no Hammer bolsa extra pra roubo
E Chanel vira carniça no banco de couro
O sangue é a carga da caneta Bic
Que escreve as Memórias do Apocalipse
[Refrão: Eduardo]
AK-47, Ponto 50, AR-15
Escrevem as Memórias do Apocalipse
[Verso 2: Dum Dum]
Na campanha do candidato 20 milhões são gastos
Pra ganhar 600 mil em 4 anos de mandato
Será que é a nova Irmã Dulce, o novo Papa
Que por amor ao povo tem preju no caixa?
Juiz mata juiz, padre mata padre
São 27 estados em combate
Chutam Nossa Senhora Aparecida no culto
Quebram sua estátua com palavrões, insultos
A cada 5 dias a loja é roubada
O seguro triplica ou a apólice não é renovada
Vi a lavagem estomacal da mãe que quase se matou
Porque o filho foi transferido pro interior
O tapa no rato de varal que pulou o muro
Ridículo em público devolvendo os bagulho
Ladrão é o que de Ponto 50 estilhaça a giratória
Não cata a venda do tio que financiou um Corsa
No mundo sem arma, homicídio vira agressão
Mortos viram feridos, tragédia discussão
Se o pároco ganhasse por missa fúnebre celebrada
Comprava casa na praia, aliás comprava a praia
Uma Bandit Suzuki, “Desce, cusão, não discute”
Mato na capacetada, soco, chute
Hoje a estratégia de defesa vai ser montada
Por quem foi puta do Bahamas antes de ser advogada
[Refrão: Dum Dum]
[Verso 3: Dum Dum & Eduardo]
[Dum Dum]
Não vim apostar, cala boca, vaca histérica
Meu prêmio da Mega-Sena tá no caixa da lotérica
Pra nós as ações da Bolsa de Valores
É catar uma Lan House com cem computadores
Mina sem auto-estima, a noite rola e whiskey
De manhã farmácia e pílula do dia seguinte
Se acha a Brigitte Bardot e é o lanche da banca
Com 25 só pelanca e mãe de seis crianças
O DJ deu bonde num papel, acabou o scratch
Amputaram as duas mãos, fim do Back To Back
O forno crematório espalha cinzas como gripe
Anuncia a queda das Babilônias, Tamboré, Alphaville
[Eduardo]
Não importa os velórios embutidos na sua nota
Por ela dão a mão da filha, o cu, a xoxota
Juíz vira Drag, pelo cifão põe cílios
E o pitboy que atropelou cinco é absolvido
Testemunhei a chegada da perua funerária
A mãe gritando “Não fecha o caixão”, sedada
O analfabeto sonhando em escrever seu nome
A criança sonhando com Toddy, Danone
A Aquarela do Brasil não é a do Ary Barroso
É a do cagueta protegido no endereço novo
Que quando vai pro fórum é “Bum” de metralhadora
Pra extirpar a língua podre da sua boca