Casos e Fatos
Palavra Feminina
- Participação de Minella
- Produzida por Janaína Jascone
Presente no(s) disco(s) Filhos do Brasil (2010).
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Letra da música Casos e Fatos
[Intro]
Não, não vá, não vá
Não vá, não vá, irmão
Não, não vá, não vá
Não vá, não vá, irmão
[Janaína]
Vários casos, vários fatos, vários desenfreados
Mais frequente que imagina, véi, é baseado
Em depoimentos que refletem sempre, um passado amargo,
A verdade é que o castelo foi despedaçado,
Não há muito pra dizer quando as histórias se encontram,
Presenciei várias vezes que até perdi a conta,
Vi crescer, vi sorrir, vi sofrer
Vi chorar, vi no crime subir, vi também se perder
Sem noção da ambição, onde os olhos se fecham
Ou pra sustentar o vício, qualquer coisa vale a pedra
Agora sobe o morro de BM, olha as prata
Mas esquece que quem vende aqui, também mata
De chinelo de dedo ao Nike no pé
De feijão pra filé mignon, mano, me diga quem não quer
Uma duplex pra mãe, rodada pra rapaziada
Se o crime banca, vamos cobrar as paradas
Moleque arteiro na quebrada, sem nada a perder
Mas muito tem e não sabe por quanto tempo vai ter
Conselhos não adiantam, na cegueira da cobiça
Até que a serpente mostra a cara e dá o bote na malícia
Quando percebe tá sozinha onde eram muitos
Seu produto matou, contaminou o seu mundo
Sem saída, sei que é foda a necessidade
E o que é oferecido, arrisca a liberdade
Não, não quero pra mim, vou trampar pra conseguir
Deus me deu saúde, desse jeito, eu vou seguir
Quanto menos quero me envolver, mais chegado se envolve
Quem sobrou das antigas se junta com os de hoje
[Refrão]
Queira ou não queira, acontece assim
Revende, fuma, cheira o seu fim
Na quebrada, perdi muitos assim
Boleta, cagueta, esse filme eu já vi
Queira ou não queira, acontece assim
Revende, fuma, cheira o seu fim
Na quebrada, perdi muitos assim
Sentença desse crime, eu não quero pra mim
[Isabela]
A polícia sobe o morro só pra apavorar
Arrastar o piá pra vizinhança olhar
Se essa é a lei, deixa que eu faço a minha
Se pagando de rei nas ruas da favelinha
Bota fogo na baia, agride trabalhador
Quem viu a tocaia se reprimiu no terror
Mais uma vez, monstros são criados pelo sistema
Não adianta chorar, o fruto da consequência
A criança acha no mato uns quilos de crack
O sangue bom é confundido e apanha no ataque
O calibre na mão do de menor virou brinquedo
E na roleita russa foi direto no peito
Percas lastimáveis que não voltam atrás
Uma decisão, um segundo, mataram um sonho de paz
Da pobreza ao luxo, da humilhação pro orgulho
O dinheiro que compra tudo, deixa família de luto
Mó saudade de minas que eram guerreiras
E se perderam no vício, tombaram com a própria rasteira
Histórias fodidas, fodido o passado
Presente iludido, um futuro negado
Bate! Bate, bate, bate na mesma tecla
Fazer o que, irmão, se a realidade não nega
Um dia no paraíso, eternidade nas trevas
Se foram tantos aqui, nas quebras da Grande Velha
[Reprodução de matéria do noticiário]
Ela já tinha três filhos quando se viciou em crack. Abandonou as crianças e, para comprar a droga, passou a se prostituir. Sem ter a quem recorrer, a mãe faz um apelo: “Eu quero internar, ele”. Uma das filhas da jovem, de apenas nove anos, também faz o apelo: “Eu queria que ele parassa de fumar”. A droga se tornou uma epidemia nacional e entre as mulheres, é ainda mais comum.
[Refrão]
Queira ou não queira, acontece assim
Revende, fuma, cheira o seu fim
Na quebrada, perdi muitos assim
Boleta, cagueta, esse filme eu já vi
Queira ou não queira, acontece assim
Revende, fuma, cheira o seu fim
Na quebrada, perdi muitos assim
Sentença desse crime, eu não quero pra mim
[Minella]
O fim da sofredora analfabeta é a presa certa
No pesadelo, eu dou ideia, não desperta
No coração, a gente sente que pode ser diferente
O monstro na tua frente é uma cobaia inocente
Três dias, já virado, arregalado, desconfia
Não reconhece nem a mãe, outra fisionomia
Sinto muito, meu irmão, presenciei esse fato
Peço a Deus por você, no silêncio do meu quarto
Quanto valeu meu empenho pra ter o teu resgate
Ver meus irmãos bem longe da tortura do DEAP
Nossa quebrada, populosa, violenta, vejo o fim
Tá mirando o quê? Rodeando o inferninho
Tem dinheiro, tem amigo, tem revólver cabuloso
O verdadeiro é abrigo e age misterioso
Talentoso para o rap, quando vi se embalaram
Deram a primeira bola e pum, nunca mais voltaram
Minha parcela de culpa, assim não fez parte da minha vida
As gramas na balança, os quilos pra curtida
Parei e pensei e vi tudo de outro jeito
Sem direito a velório, vários buracos no peito
A peita já colada, encharcada, quanto sangue
Despertou uma revolta que eu nunca senti antes
Então, do que valeu as garopas, onças, as vadia
E hoje tu não pode ver o sorriso da tua filha
Se mata sem querer, se morre sem saber
O disparo foi certeiro, mas não era pra você
(Não era pra você, não era pra você)
O disparo foi certeiro, irmão, mas não era pra você
[Refrão]
Queira ou não queira, acontece assim
Revende, fuma, cheira o seu fim
Na quebrada, perdi muitos assim
Boleta, cagueta, esse filme eu já vi
Queira ou não queira, acontece assim
Revende, fuma, cheira o seu fim
Na quebrada, perdi muitos assim
Sentença desse crime, eu não quero pra mim