De Que Vale o Crime? (Neguinho da Favela)
Atitude Feminina
- Produzida por DJ Raffa
Presente no(s) disco(s) Rosas (2006) Nossa História (2014).
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Letra da música De Que Vale o Crime? (Neguinho da Favela)
[Verso 1: Hellen]
Era só mais um neguinho da favela
Queria viver em paz; um dia, sair dela
Escapar do preconceito, ter prestígio, ter dinheiro
Poder sair de casa sem precisar ter medo
Essa é só mais uma história de um rapaz comum
Que acontece todo dia na periferia
Mais um inquérito prescrito
É só mais um fato perdido na DP sem ser apurado
Aos doze anos de idade, ele já trabalhava
Saia cedo de casa pra rodoviária
Engraxar sapato, limpar pé de barão
Pra ajudar no sustento de sua família, meu irmão
Seu pai, um cachaceiro sem perspectiva de vida
Gasta tudo que ganha no boteco da esquina
A droga mais pesada é legalizada
Destrói lares, famílias, é facilmente encontrada
Te vicia, pode até te levar a morte
Esquecido num leito de hospital
Cirrose, última dose do álcool letal
Só a morte te separa do vício fatal
Com quinze anos de idade, parou seus estudos
Chegava cansado do trampo e não via futuro
Foi quando experimentou seu primeiro beck
Fumou, prensou, pirou
Moleque, como pode existir algo tão gostoso assim?
Certamente agora estou premeditando seu fim
[Refrão: Aninha]
Um dia vamos ter paz, então vale a pena esperar
E de que vale o crime, irmão? Se ele vem te matar
Um dia vamos ter paz, então vale a pena esperar
E de que vale o crime, irmão? Se ele vem te matar
[Verso 2: Hellen]
Passou mais um ano e o Neguinho falava
Que ser bonzinho, honesto de nada adiantava
Metia os ganhos sem dó no Gilberto Salomão
Depois vinha tomar todas em São Sebastião
Já conhecido no distrito assinou vários B.O’s
Chegados já te diziam que o crime não tinha dó
Muitas passagens no Caje, rebelião carcerária
Torturas, maus tratos que a TV não mostrava
Conseguiu sobreviver até os seus dezoito
“É de maior moleque, cuidado com os homens, eu tô de olho”
Era fã número um de Leonardo Pareja
Que fez os homens de palhaço e se entregou de bandeja
Pra depois ser morto numa rebelião
É um fim trágico de um homem dentro da detenção
Pobre homem que na vida sofreu demais
“Pelo menos na morte, será que encontrará paz?”
Pergunta cretina, mas que sempre se faz
Procure a paz, ouça o conselho então
Exemplo de malandragem não está na prisão
[Refrão: Aninha]
Um dia vamos ter paz, então vale a pena esperar
E de que vale o crime, irmão? Se ele vem te matar
Um dia vamos ter paz, então vale a pena esperar
E de que vale o crime, irmão? Se ele vem te matar
[Verso 3: Giza Black]
Ele se considerava o bandidão da quebrada
Fumava, cheirava, roubava, não tinha medo de nada
É a lei do mais forte na favela e com certeza
O rival é a caça e a caça põe a mesa
Sem esperança de um dia a vida melhorar
Se perguntava por que Deus não vinha te ajudar
Pra dar conforto a sua mãe, mais uma sofredora
Que passa o dia ralando, cansada de lavar roupa
Certamente inconsequente com ódio na mente
Meteu um ferro na cinta com quinze balas no pente
Foi resolver a parada do jeito que ele aprendeu
Quem cuida da minha família e da minha mãe sou eu
O alvo já está traçado: posto de gasolina
Três malucos no esquema esperando na esquina
Opalão quatro portas, vidro fumê, seis bocas
Calibre carregado, encapuçados de touca
Corre, corre, rende o frentista, dá o bote
Amarra o gerente, pede o segredo do cofre
Pega a grana, põe no saco e sai no pinote
Se der sorte, fica vivo e escapa da morte
Na correria vai em frente, pneu queima o chão
De longe, ouço sirenes, começa a perseguição
Seis viaturas na cola, fecha o cerco, para o carro
Ele não se entrega, desce do Opala e sai voado
Escuto tiros, gritos, não pede rendição
É bala por bala, tiro por tiro sem negociação
Naquele dia, eu então presenciei seu fim
Na mão da polícia eu vi morrer o Neguinho
Tomou dois tiros no peito, fita amarela, isolamento
Giz em volta do corpo, lençol, carona em rabecão
IML, corpo e delito e ficha no dedão
Vida de crimes, mais um malandro no caixão
[Refrão: Aninha]
Um dia vamos ter paz, então vale a pena esperar
E de que vale o crime, irmão? Se ele vem te matar
Um dia vamos ter paz, então vale a pena esperar
E de que vale o crime, irmão? Se ele vem te matar