Anjos Caídos
Manifesto
Presente no(s) disco(s) Escola Sem Livros (2001).
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Letra da música Anjos Caídos
[Verso 1]
É, por aqui é assim, pesado, assustador, nossa senhora das graças
É o matador, favelas, periferia, casas populares
É daqui que eu sinto uma forte dor, sinto as mães chorando
Os manos só se maltratando e caminhando, eu te falo
Retratando a violenta face de um bairro suburbano, Itajaí
Quem já ouviu falar no pó, irá se lembrar
HIV, estamos em primeiro lugar,
Infelizmente o sistema é assim
Cidade portuária, comércio ilegal, é só montar sua faixa
[João]
Não se comenta mais nada falando disso
Se corre riscos pela madrugada
E é da madrugada que eu falo uma parada
Duas horas eu e o Du vamos voltando pra casa
Então cruzamos com mais um casqueiro
Pra que meu irmão, tá cheio
E se moldando todo, pede um dinheiro,
Diz na cara dura: “não sou cachaceiro,
Eu fumo pedra, sou só mais um dos prisioneiros”
E começa a contar sobre a sua vida
Perdeu o pai e a mãe se agarrou na cocaína
Algum tempo depois conheceu uma vacina
O baque era imediato, o que ele queria
Se viciou e por sete anos usou
Mas já no primeiro ano ele se bichou
Então se afundou na sua ignorância
Não se valorizou, perdeu as esperanças
Lamber lata hoje é a sua dança
[Refrão]
E como anjos caídos
Adolescentes condenados pelo vício
E como anjos caídos
Adolescentes condenados pelo vício
[Verso 2]
É, cidade portuária segue a sua trajetória
É mais uma noite escura da uvinha, outra história
Muvuca na frente da capela, um sangue derramado
Um corpo no chão, era o tio Fado,
Caiu com um tiro no rosto do fagão dos comissários
O sangue da piazada sempre foi conhecer a Disneylândia
Só que essa vontade nunca passou de um sonho de infância
Um sonho esquecido mais tarde
Quando conhece o crime e as vadias, o crack
Quando bate de frente com a realidade
Vão virando as páginas do apocalipse
Para o seu próprio fim
O tempo não tá nada bom, o clima tá ruim
Vê o papo do ladrão,
Dizendo que morrer é treta do mundão
Por isso, a minha parte eu faço pra não parar no caixão
Rezo pra não ser mais um perdido
Num papo sete e um, bandido
Vive pra não se arrepender
A lei da sobrevivência é matar pra não morrer
O meu povo sofre, alguns estouram seus miolos
Embuscado o cofre, mata o seu filho
Eu quero ver quem é que sofre
Com a perca de uma pessoa amada
Aquela criança que sonhava com a Disneylandia
Os escravos da cachaça, os escravos da ignorância
Quando percebe já está de olhos fechados
Apesar de nunca ter notado
Há muito tempo já era finado
Pra quem se foi, esse é o som
Parentes, amigos, deixaram dor e aspiração em forma de hino
Os que estão nessa e ainda estão vivos
[Refrão]
E como anjos caídos
Adolescentes condenados pelo vício
E como anjos caídos
Adolescentes condenados pelo vício
[Tiago]
O dono da razão, não, mas tenho minha opinião
Eu sou mais um irmão, espectador da destruição
Cusão, tu diz
Ser um exemplo vivo, um arquivo
Queimado, rasgado, a página de um livro
Capítulo final
O seu preconceito injetado em grandes doses
Fabrica o demônio perfeito, que jeito
Tu vai se safar nessa agora
E criou o monstro, agora, tenta fugir, sai fora
Condena, sentencia a sua pena
Taxa como um problema, consequência do sistema
É, o cara que pede comida, na frente da sua casa
Toque ele dali porque assim, ele não mais passa
E faça o seu comentário de preconceito e ignorância
Continue no pedestal, pintado de ouro, mantendo distância
Infância passou e com ela inocência
Gente que só se preocupa com poder e aparência
Pra mim é como um cavalo
Olho tapado, não olha pro lado
Não percebendo a indiferença
Pensa, tá tudo errado
Se acomode na cadeira
Da sua pequena mansão
Pode achar que é besteira
Mas daqui vem a revolução
E como anjo que caiu e se levantou
Apenas mais um que o sistema rejeitou
Comanda a virada, seu dinheiro não vale mais nada
O cara de cima tá vendo e tá sabendo da parada
Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira
Muita loucura na veia, coisa feia, muita pira
A droga é como uma peste
Não se esquece, contamina
A variedade é grande
O comércio em cada esquina
Pode chegar de navio
Ninguém ouve, ninguém viu
Engravatado, carro importado, esse é o perfil
Pelo telefone, doutor de renome comanda o Brasil
E na esquina jogado, só mais um anjo que caiu
[Refrão]
E como anjos caídos
Adolescentes condenados pelo vício
E como anjos caídos
Adolescentes condenados pelo vício