
Traumas
MV Bill
- Participação de Kmila CDDErik Skratch
- Produzida por DJ Caique
Presente no disco Na Visão do Morador (2024) outras versões em Na Visão do Morador (2024)Na Visão do Morador – Bill Sessions (2025).
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Letra da música Traumas
[Verso 1: MV Bill]
O meu nome é Zé Maria
Conhecido como seu Zé
Aquele que você esculachou, quando testou a minha fé
Me fez passar vergonha perante a comunidade
Humilhação gratuita, pura vaidade
Só porque reclamei de bagunça no meu portão
Som alto, bebedeira, música de palavrão
Você não gostou, se sentiu ofendido
Invadiu minha casa na condição de bandido
Me deu tapa na cara na frente da minha dona
Respeito por ninguém, me mostrando como funciona
Olhando no meu olho, com o dedo em riste
Xingando bagarai, e minha filha triste
E eu, pai de família, com a cabeça abaixada
Sem poder me expressar, enquanto você me esculachava
Não falava nada, mas na cabeça passava de tudo
Moleque novo, apavorando coroa cascudo
Eu, desarmado
Você desalmado
Disparou pro alto e deixou geral assustado (foda)
Pânico, os vizinhos me olhando
Meu filho mais velho bem na hora tava chegando
Ele viu a cena e veio na nossa direção
Menino bom, sabe chegar
Teve boa educação
Mas quando foi dar o papo, levou um tapão violento, e um tiro naquele lugar
Meu filho foi socorrido, mas já tinha morrido
Tentaram ajudar, mas não deu tempo de salvar
Você de sangue quente, expulsou a gente
Pegamos nossas coisas, e fomos embora da favela
Tive que cuidar do enterro, recomeçar do zero
Não me recuperei, até hoje temos sequela
Gestão ignorante, nada inteligente
Sempre massacrou, pisoteando na sua gente
Por isso não sinto pena agora te vendo deitado
De olhos fechados, com o rosto perfurado
(Foi)
Mal feitor, mal falado
O arrogante era testa suada, e se achava a mente brilhante
[Refrão: DJ Caique, Erik Skratch – Scratches]
Não dá pra esquecer
Você tem que se fu*
Então toma
Já morreu, quem já matou
Exemplos de tragédias
Tenho muitos na memória
Não dá pra esquecer
Você tem que se foder
Então toma
Já morreu, quem já matou
Exemplos de tragédias
Tenho muitos na memória
Tenho raiva, mas a lágrima não cai
[Verso 2: Kmila CDD]
Agora quem fala é Dona Glória
Você fudeu parte da minha história
Na sua brutalidade interrompeu a trajetória de dois filhos meus
Tive que me agarrar com Deus
Foi cruel, foi demais
Acabou com a minha paz
Faz algum tempo que eu frequento terapia
Que agonia
Penso neles todo dia, sei que não eram santo
Mas também não era pra tanto, eles vacilaram
Mas sua reação causou espanto
Você sumiu com o corpo deles, não teve sepultamento
Ferida ficou aberta e não cessa meu sofrimento
É como um ciclo que não se encerra
Meu coração sangra e a dúvida soterra
Você inverteu a ordem natural, levando dois de uma vez sem direito a funeral
Todos esses anos esperando por justiça, oprimida
Nem deixaram eu fazer a missa de sétimo dia
Isso me revolta, mas ciente que o carma é infalível, sempre volta
E te alcançou, o terror do morador acabou
Você mesmo se embolou, pagou pelo que falou
Tô ligada que uma hora ia chegar a cobrança
O universo sendo justo com um toque de vingança
Ficou sem cara, todo arrebentado
Caído no beco, com o fuzil do lado
Era só questão de tempo, vacilou no movimento
Ambiente violento te levou pro arrebento
Pagando lentamente, sentindo todas as dores
Longe dos puxa-saco, sem bajuladores
Não me reconstrói, mas me sinto aliviada
Vendo todo poderoso reduzido a quase nada
Muita frieza pra dizer
Fim da linha pra você